Havia uma esquerda em Portugal que durante anos empunhou a bandeira da impunidade dos poderosos da política e da banca.
Era um argumento fácil e que à falta de exemplos desarmava qualquer tentativa de defesa da justiça.
Tão simples e fácil que rapidamente se tornou tema de campanha de todo o espectro político.
Tão simples e fácil que poucos se lembraram que se tratava de um tema que pouco ou nenhum impacto tinha no resultado eleitoral.
Quantos e quantos arautos da moralidade, da esquerda à direita, do BE ao PP, passando pelo PSD e PS gritavam a defesa da justiça e se vangloriavam com as suspeitas e notícias que iam recaindo sobre opositores políticos e até mesmo colegas de bancada...
Quantos destes não estão agora em casa à espera que lhe batam à porta?
Quantos destes não gritam agora pelos direitos humanos?
É que até parece que para alguns a justiça só é boa quando se aplica aos outros...
Não quero fazer juízo sobre as personalidades que estão na imagem que retirei do Jornal i de hoje. Todas são presumíveis inocentes até ao transito em julgado, mas não deixa de ser ridícula a forma como muitos têm criticado o funcionamento da justiça.
O caso do livro recusado a Sócrates é exemplo disso, se a Lei é para ser cumprida, Lei que ele assinou e que até agora foi aplicada a todos os presos, não entendo a razão de tanta excitação.
É por ser ele?
Querem maior exemplo de injustiça no tratamento dos poderosos em Portugal? Fala-se de mudar uma Lei por causa do que aconteceu com o Livro recusado a Sócrates. Uma Lei que até agora ninguém tinha contestado, nenhum dos presos até ao momento tinha sido digno de tamanha manifestação pública.
Pessoalmente acho muito mau para o país se o Sócrates for culpado, pelo que espero sinceramente que ele seja inocente, mas se não for, faça-se justiça.
Para além do mais não vai ser a prisão de Sócrates que vai dar a vitória ou a derrota ao PSD, mas sobre isto já falei noutro post (lê mais aqui).
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