Passada que está, ao que aparenta,
a instabilidade política vivida nos últimos meses, é agora o tempo de o novo
Governo Governar. Qual será o resultado dessa Governação, por mais curta ou
duradoira que seja a sua ação, não sabemos. O problema da política é que as coisas não são
assim tão simples, como temos vindo a assistir nas últimas semanas. Embora haja
um ciclo que se encerra e outro que se inicia, há um conjunto de fatores que
irão ditar o futuro do nosso país. Note-se que no discurso do Presidente da República,
breve e rijo, perante a posse do XXI Governo Constitucional, está bem patente
que: (i) o executivo nasceu de uma crise política e só está em funções porque
não pode haver eleições antecipadas; (ii) o seu programa assenta em acordos
frágeis e de pouca amplitude de compromissos; (iii) os objetivos estratégicos nacionais
mantêm-se intactos e não admitem desvios; (iv) o Presidente da República não
abdica de nenhum dos seus poderes, nos quais se incluem o de veto, o de
fiscalização preventiva, e o salientado pela comunicação social, de demissão do
governo. Por outro lado, O país apresenta-se ao novo Executivo, com um conjunto variado de indicadores
positivos, os quais não são, nem podem, do ponto de vista da honestidade
intelectual, serem questionáveis ou dispensáveis. Esses indicadores transmitem a
confiança e assumem o papel de sustentabilidade do trabalho que deve continuar
a ser executado. O país vive momentos de séria tendência de afirmação internacional. Está
numa espécie de linha de fronteira. Depende para que lado vai. Assim, percorrido
um período de ajustamento económico com a inevitável austeridade imposta, é
chegado o tempo do crescimento. Mas esse crescimento económico não se pode
fazer com a delapidação do esforço e sacrifício dos portugueses nos últimos anos
e com tábua rasa face aos nossos compromissos internacionais, sob pena da repristinação
de outros tempos que nos trazem má memória. Embora politicamente o centro
esteja desfeito em dois semicírculos afastados, compete aos agentes políticos a
sua reaproximação em prol daquilo que são os mais elevados interesses nacionais.
Há que dar continuidade ao cumprimento dos objetivos orçamentais, nisso
incluindo a preocupação com os défices excessivos, défice estrutural, dívida
pública e credibilidade externa. A aposta no crescimento com base no consumo
interno, havendo um claro e conhecido desequilíbrio externo, é uma aposta de
risco. Esperemos que para bem do país produza os resultados projetados.
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