A
propósito da vitória da Frente Nacional de Marine le Pen, nas eleições
Regionais Francesas, e na qualidade de observador que não vive com a emoção do
eleitor francês estas eleições, salta-me à vista algo que considero
estruturante numa democracia que é bem visível na Democracia Francesa.
Trata-se
da existência de uma comunicação social realmente livre e principalmente da
imprensa escrita que se assume declaradamente de Esquerda, Direita, Extrema-esquerda,
Direita Conservadora, moderada, etc.
Na
análise feita à vitória de Marine le Pen temos os Jornais Comunistas e de Esquerda urbana como o “L'humanité”, ou o “Libération” a assumirem o choque e a
declararem oposição feroz ao perigo que a Extrema-direita representa.
O “Libération”
chega ao ponto de assumir frontalmente, no seu editorial, que a Frente Nacional
de Marine le Pen é o “inimigo” de França apelando à esquerda que mais vale
votar na Direita do que na Extrema direita...é o mal menor, refere o dito
jornal.
Por
outro lado no espectro político oposto, o da Direita, temos o “Le Figaro” de
Direita Conservadora e o “Le Parisien” com uma linha editorial mais ao Centro,
que assumem posições distintas mas igualmente livres e claras.
No caso do “Le
Figaro” assume o choque que é a vitória de Marine le Pen e justifica essa vitória
com a onda de cólera existente e habilmente promovida pela Frente Nacional.
Já
o “Le Parisien”, mais moderado e popular assume que a vitória deve ser avaliada
como uma vontade maioritária do povo e que deve ser analisada como tal e não
com recurso aos extremismos, sejam de que forma forem.
Todos
estes órgãos de comunicação exprimem livremente a sua opinião e não de forma
dissimulada ou até com recurso à notícia de encomenda como noutros países
vemos. Estes Jornais e estes Jornalistas declaram as suas opiniões e fazem-no
sem “medo” de assumirem as suas posições políticas que são coerentes com as
suas linhas editoriais.
Ora
é de bons exemplo que se devem alimentar as Democracias mais jovens como a de
Portugal, e a liberdade de imprensa deve caminhar a par com a imprensa identificada e clara nos propósitos e objetivos.
Não basta dizer que defendemos os princípios que a Revolução Francesa trouxe à Europa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), mas só praticarmos os que nos são convenientes.
Deixo-vos aqui esta reflexão...
E se cada órgão de
comunicação social devesse, por definição de estatuto editorial, classificar a
sua publicação e enquadrá-la no espectro político Português? Será que alguém
perdia com isso?
Quem
perdia não sei (ou talvez desconfie), mas ganhava o povo Português e os
leitores em particular.
"Vive la France"...
RG
porque pedir desculpa é pior que não ter razão...
RG
porque pedir desculpa é pior que não ter razão...
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