Primavera árabe (cont.):
Estamos em pleno inverno, mas lembro-me muitas vezes da
"primavera árabe". Sim... No Médio Oriente e no Norte de África, para
além das clássicas e ultrapassadas estações do ano, experimentou-se, nos
últimos anos uma estação inovadora em que se associa a chuva, o frio e o calor aos
dramas humanos e à violência, associados à destruição das pouco democráticas
organizações públicas de poder. Pouco democráticas pois faltava a participação
cívica de alguns movimentos jihadistas de tez sunita, hoje, muito bem
representados pelo daesh.
A ideia, como sempre, "completamente desprovida de qualquer objetivo económico ou geoestratégico e balizada pela experiência colhida no Iraque", consistia em laborar em prol da implementação de sistemas democráticos no Mundo Árabe. Um "Mundo", como sabemos, muito dado à sã convivência interétnica e inter-religiosa e onde a religião está "absolutamente" separada da política. Reforço a linha de raciocínio sublinhando que a jocosidade da observação corrobora o ridículo da teoria.
Até parece que o principal aliado norte-americano, em tão infeliz terra, não é a uaabista Arábia Saudita, uma monarquia absolutista e teocrática, o grande impulsionador do daesh na guerra contra Assad e campeã das execuções por decapitação.
O resultado está à vista: violência terrorista e insegurança na Europa,
escalada da guerra na Síria e no Iraque, êxodo de milhões de refugiados das
zonas de conflito para a Europa. Hoje, à conta das aventuras américo-anglo-francesas, damos
por nós a discutir os alicerces da UE, colocando-se em causa o Acordo de
Schengen e política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas.
Bem, voltando ao estímulo inicial, há pouco lembrei-me, novamente, da "primavera árabe", quando soube que seis
estudantes de Kairouan, na Tunísia, foram condenados a três anos de prisão
efetiva por "práticas homossexuais", tendo ficado ainda proibidos de
residirem naquela cidade no centro do país durante cinco anos.
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