Começo
por dar quatro notas introdutórias para acompanharem aquele que julgo ser um
raciocínio lógico.
A
primeira nota é de que a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública
(IGCP), anunciou em Janeiro deste ano que o défice para 2016 será de 5,2 mil
milhões de euros.
A
segunda nota é de que o IGCP revela ainda que necessitará de 2,1 mil milhões de
euros para financiar e recapitalizar empresas públicas.
A
terceira nota é de que o Banco de Portugal também veio confirmar estes valores
do défice com uma pequena variação, assumindo um valor de 5,3 mil milhões de
euros.
A
quarta nota é de que o valor das participações de Isabel dos Santos em empresas
cotadas em Portugal, têm um valor que ronda os 3 mil milhões de euros. A esta
cifra somam-se as posições no BIC e os investimentos pessoais da empresária no
sector imobiliário em Portugal.
Fazendo
uma análise comparativa dos valores do défice e dos valores das participações
de Isabel dos Santos em empresas cotadas em Portugal, verificamos que a
empresária Angolana representa 58% do valor de défice português previsto para
2016.
Se
fizermos a mesma comparação dos valores das participações de Isabel dos Santos
com o valor que o IGCP necessita para financiar e recapitalizar as empresas
públicas, vemos que as participações de Isabel dos Santos chegavam para
financiar as empresas públicas e ainda sobravam cerca de mil milhões de euros.
A
forma como temos visto tratar na praça pública matérias tão delicadas como a da
negociação do CaixaBank com a Santoro Finance (holding de Isabel dos Santos)
para a aquisição das acções do BPI, tendo inclusive tido o Primeiro-ministro e
o Presidente da República interferência numa fase inicial, revela inabilidade
“negocial” e falta de prudência por parte das autoridades portuguesas.
Vimos
com alguma perplexidade, o Presidente da República referir que combinou com o
Primeiro-ministro, que aguardaria pelo acordo entre o CaixaBank e a Santoro
Finance, para então promulgar o diploma que acaba com as regras de blindagem
que permitiam a um accionista com cerca de 20% bloquear as decisões de um outro
accionista, com mais de capital.
Em
primeiro lugar as mais altas figuras da Nação não deveriam interferir em
negócios privados, correndo o risco de a sua interferência poder ser vista como
uma “ingerência”. Em segundo lugar nenhum investidor deve ter um tratamento de
excepção seja ele Espanhol, Angolano ou de qualquer outra nacionalidade e neste
caso em concreto foi dado um tratamento de excepção ao CaixaBank.
O
CaixaBank entretanto lançou uma OPA voluntária ao BPI onde oferece 1,113 euros,
avaliando o BPI em 1,6 mil milhões de euros. Recordo que Isabel dos Santos tem
investido só em participações de empresas cotadas em Portugal 3 mil milhões de
euros, ou seja, duas vezes mais a avaliação que o CaixaBank faz ao BPI.
Com
esta lei aprovada pelo Governo de António Costa e promulgada por Marcelo Rebelo
de Sousa, Isabel dos Santos vê a sua posição fragilizada, no entanto as
consequências para Portugal podem ser maiores do que se imagina.
Isabel
dos Santos, em Portugal, atua em setores estratégicos como a Banca (BPI, BIC e
BCP), Energia (Efacec, Energia Amorim e Galp), Telecomunicações (ZOPT, Sonae e
NOS) e ainda no setor Imobiliário. Mas além de actuar em setores estratégicos e
por isso representar uma mais-valia (ou não) para a economia portuguesa, Isabel
dos Santos representa ainda Angola e isso não é um pormenor.
Portugal
tem hoje milhares de emigrantes e centenas de empresas com capital português a
operar em Angola. O risco de retaliações é agora ainda mais provável e mesmo
que se procure, por via da diplomacia, atenuar o que agora se fez, não me
parece que se possa pedir a um Pai (José Eduardo dos Santos) que não proteja os
interesses da filha (Isabel dos Santos).
A
inabilidade e a ingerência das mais altas figuras da Nação pagam-se caro.
Veremos se são sempre os mesmos a pagar…os Portugueses!
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Para meu espanto agora não gritam que o presidente anda com Costa ao colo. Era vê-los bolsando indignações porque Cavaco Silva, diziam, andava alinhado com o governo de Passos. Que é feito dessa gente que num estalar de dedos passa de sem papas na lingua para as línguas na papa? Ou na caca! Não é de excluir contudo uma jogada maquiavélica de Marcelo que adivinhando o que isto vai dar anda a fazer jogo de faz de conta para quando lhe convier chutar com Costa alegando que tudo fez para o sustentar. Entretanto vai deixando estragar mas a ter consciência do eminente descalabro deve puxar desde já pela própria consciência. Em todos os momentos os interesses do país são mais importantes que os interesses táticos do presidente, por isso cartas na mesa já!
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