Nesta perspetiva, todos os
partidos têm perdido referências. No entanto, o PPD/PSD é seguramente o que tem
sido mais penalizado. Senão, vejamos. Desde 2011, pela mão de Pedro Passos Coelho,
o partido tem tentado (a meu ver bem) renovar as suas estruturas, mas, na
prática, a forma como essa renovação tem vindo a ser conduzida está a afastar
muitas das grandes referências do principal partido português.
A mentalidade de uma grande
maioria de dirigentes defende, na retórica, a necessidade de ter presente as
referências do PPD/PSD. Porém, a “práxis” revela que apenas se têm usado as
ditas referências para alavancar resultados eleitorais, não lhes dando,
verdadeiramente, a possibilidade de voltarem a intervir e decidir no presente e
para o futuro.
Quando falo de referências,
refiro-me a pessoas que construíram o PPD/PSD e que o recriaram ao longo destes
42 anos de Democracia.
Refiro-me a referências como Aníbal
Cavaco Silva, Francisco Pinto Balsemão, Leonor Beleza, Fernando Nogueira,
Miguel Cadilhe, Miguel Beleza, Durão Barroso, Pedro Santana Lopes, Manuela
Ferreira Leite, Paulo Teixeira Pinto, Ferreira do Amaral, Rui Rio, Ângelo
Correia, Pedro Roseta, Morais Sarmento, Mira Amaral, Luís Filipe Menezes, António
Capucho, Isaltino Morais, Carlos Pimenta, Macário Correia, Silva Peneda,
Eduardo Catroga, Graça Carvalho, Luís Filipe Pereira, Mota Amaral, Alberto João
Jardim, Guilherme Silva, Carlos Tavares, João de Deus Pinheiro, David Justino e
Pedro Lynce.
Estas figuras, a par de outras
mais presentes, fazem parte da história do PPD/PSD e representam as referências
da social-democracia que ao longo dos últimos anos definiram o rumo de Portugal
nas mais diversas áreas de intervenção. São para mim e para a minha geração
(1974) os faróis do PPD/PSD e aqueles que, na perspectiva de quem quer realmente
evoluir, ainda muito podem dar ao futuro de Portugal.
A revitalização de uma qualquer estrutura
passa naturalmente pela inclusão de sangue novo, mas não pode abdicar de ter o
“cimento” das referências que permitem uma transição para o futuro assente nos
valores e princípios que compõem o ADN dessa mesma estrutura. Assim deve ser
também com o PPD/PSD.
Pergunto-me como pode um jovem
que passou a maior parte da sua vida a estudar e por detrás de um computador
cativar a atenção de um ancião de uma freguesia rural, que viveu intensamente o
25 de abril de 1974?
Como pode o mesmo jovem motivar um
social-democrata que assistiu e participou na constituição da Aliança Democrática
por Sá Carneiro, em 1979?
Como pode o mesmo jovem cativar a
atenção de um qualquer português que viu partir a maior referência da
social-democracia, num longínquo acidente de avião em Camarate, a 4 de Dezembro de 1980?
Como pode um jovem dirigente
perceber a dimensão do feito de Aníbal Cavaco Silva que viu os portugueses
atribuírem, nas eleições de Julho de 1987, a primeira maioria absoluta ao
PPD/PSD com 50,2% dos votos?
Como pode um jovem perceber as
consequências para o PPD/PSD da difícil decisão de Durão Barroso, em Junho de
2004, quando se demitiu para mais tarde ser eleito o 12º Presidente da Comissão
Europeia?
Como pode a geração mais nova
perceber as tremendas dificuldades que teve Pedro Santana Lopes no XVI Governo Constitucional,
que culminou num erro histórico de Jorge Sampaio com graves consequências para
o PPD/PSD e para Portugal?
Como pode a geração da década de
70 reanimar um partido politico, essencial na democracia portuguesa, sem o
recurso às essenciais referências do PPD/PSD que constituíram estes momentos
históricos e fundamentais da nossa Democracia?
Só vejo uma maneira. Voltar a
chamar à intervenção política essas referências. Agora também é importante que
algumas dessas referências, que muito devem ao PSD, estejam disponíveis para os
desafios mais difíceis, retribuindo assim de forma justa e ajudando a reforçar
a relação de confiança do PSD com os eleitores.
Havendo a humildade e
disponibilidade de todos devemos então partilhar o presente, sem receios,
porque só assim haverá garantia de futuro.
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