Lisboa é naturalmente uma câmara municipal apetecível do ponto de vista estratégico para qualquer dirigente partidário. Aliás, da autarquia lisboeta já saiu um Presidente da República (Jorge Sampaio) e dois primeiros-ministros (Pedro Santana Lopes e António Costa), o que revela a verdadeira vocação da autarquia para “alavancar” carreiras políticas.
A candidatura à Câmara de Lisboa
por parte de Assunção Cristas pode revelar-se um indicador ou até um sinal
“divino” no sentido de revermos o cenário de 2001 em que, por antecipação, o
então líder do CDS/PP, Paulo Portas avançou com uma candidatura autónoma,
procurando assim afirmar-se na liderança do CDS e tentando condicionar o PSD de
Durão Barroso.
O resultado para o CDS foi dramático
com Paulo Portas a conseguir apenas cerca de 7% dos votos e vendo o PSD
conseguir ganhar a Câmara Municipal de Lisboa pela mão de Pedro Santana Lopes,
que vinha de uma experiência autárquica muito bem-sucedida na Figueira da Foz.
Recordo que Santana Lopes venceu João Soares que era um ativo do PS muito mais
forte do que é hoje Fernando Medina.
Ser líder de um partido e
candidata a Lisboa condiciona tudo ao resultado eleitoral e não creio que os
centristas estejam esperançados numa vitória em Lisboa, muito menos sem o apoio
do parceiro PSD. A derrota do CDS/PP é o resultado anunciado e apenas está em
causa se será com 4% (como revelam os números do CDS nas sondagens nacionais)
ou se consegue atingir o resultado de 7% de Paulo Portas (algo a roçar a utopia).
Nos dois cenários, a derrota será sempre da líder do partido e as consequências
são óbvias. Demissão e abrir caminho a Nuno Melo.
Quanto ao PSD terá de encontrar um
candidato que tenha perfil e capacidade para vencer a corrida à capital, mas no
tempo que o mesmo PSD já havia definido em Conselho Nacional. Ou seja, lá para
o 1.º trimestre de 2017. Esta conjuntura pode ter dado, involuntariamente, a
ajuda que faltava para motivar alguns potenciais candidatos da área do PSD. Os
ativos sociais-democratas são imensos e desenganem-se os que pensam que não
aparecerá uma candidatura vencedora.
Este “golpe” de Assunção Cristas e
as movimentações apressadas do PS de Lisboa, que logo veio atacar a candidatura
da centrista, revelam que, afinal, o nervosismo está lá e a preocupação de
perder também. Como factos quase assumidos temos a provável ausência de coligação do PCP e do
BE com o PS, não havendo assim (em tese) uma reconstituição da gerigonça ao nível local.
O PCP terá de apresentar um candidato fortíssimo para garantir um resultado que
lhe permita resistir eleitoralmente ou então agregar-se ao PS para garantir
algumas juntas de freguesia em Lisboa. Já o BE vai, com certeza, apostar num
candidato para cativar aquele que é o seu eleitorado tradicional, jovem e
urbano, garantindo assim a pressão sobre o PS e a sua influência na geringonça,
mas não ameaçando Medina.
Portanto,
para ganhar Lisboa basta mais um voto. Apenas isso e aí, no “campeonato” de quem
pode ganhar, só duas forças o disputam. O PS e o PSD.
Assim vai Lisboa...
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