Pela primeira vez desde o início
da grande recessão, a União Europeia (UE) teve recentemente um crescimento económico superior aos EUA. No entanto o legado da crise ainda se manifesta com os défices
económicos instáveis e principalmente com enormes défices sociais que foram
gerados durante a última década em muitos países sob a forma de desemprego,
empobrecimento e baixa proteção social.
Para corrigir estes défices a
Europa terá que resolver um problema político que não é apenas a crise de
representação (que tem dado espaço aos partidos extremistas), mas o da boa
governação (a eficácia das políticas). A par da boa gestão económica e
financeira deve haver uma procura em aproximar o cidadão da política e para
isso importa reduzir os desequilíbrios provocados pelos défices sociais.
Na lista da Comissão Europeia dos
países com maiores desequilíbrios Portugal lá está na companhia da França,
Itália, Bulgária, Chipre e Croácia. Os desequilíbrios de Portugal ao nível do desemprego,
empobrecimento e baixa proteção social, estão entre os mais altos da Europa e devem
ser alvo de atenção redobrada.
Apesar de alguns sinais positivos
estamos num mundo mais incerto, mais volátil e com muitos riscos para as economias
frágeis como a de Portugal. As incertezas vindas das alterações drásticas da
política externa Americana, aliadas ás incerteza das eleições em França,
Alemanha e Portuguesas (autárquicas) devem preocupar os nossos governantes.
Não podemos deixar de ser
exigentes. A Comissão Europeia (CE) reviu em alta as suas previsões para o
crescimento económico de Portugal. No entanto a mesma CE admitiu que existem
riscos negativos para a previsão, considerando que a fragilidade do setor
bancário pode diminuir a recuperação do investimento, sendo a economia com
crescimento anémico um dos principais desafios que Portugal enfrenta.
António Costa tem ainda por
resolver o elevado nível de dívida pública (que atingiu 243,49 mil milhões de
euros em Fevereiro deste ano) e os desequilíbrios sociais que continuam a ser obstáculos
a ultrapassar para atingir a estabilidade necessária. A vontade de resolução
dos problemas pode e deve aproximar o governo e o PS do centro político,
posição onde as políticas económicas e sociais andam em paralelo e de forma
equilibrada. É tempo de entendimentos que encontrem soluções de médio e longo
prazo.
Os entendimentos com origem no
centro-direita (PSD) e centro-esquerda (PS), devem representar uma alternativa
real para encontrar um modelo de estabilidade com prazo alargado e assente em pactos
de regime. O regresso do PS ao Socialismo Democrático e o regresso do PSD à
Social democracia tendem a ser a solução futura natural.
Será com os actuais protagonistas?
Isso é entrar no campo da futurologia. O essencial é ter coragem de aceitar o
desafio e o PSD não deve deixar de pensar nesta solução, que não o impede de
ser alternativa. Repito, não o impede de ser alternativa.
Na perspectiva de quem governa e
de quem tem ambições de vir a governar, é tempo de reformar e não de gerir
equilíbrios e expectativas que apenas asseguram o “ego cheio” de alguma
esquerda (mais à esquerda) ou de alguma direita (mais à direita), em troca de
um apoio que poderá sair muito caro aos portugueses…a todos os portugueses.
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