O último favor com que o Ministério da Educação decidira
premiar Mário Nogueira (um profissional da greve que há mais de 20 anos não
entra numa sala de aulas), tratou-se da intenção de em sede OE2018 proceder ao
descongelamento da carreira docente, que a ser total, teria um custo para todos
os contribuintes na ordem dos 600 milhões de euros. Diria 600 milhões de razões
para agradar a um homem e a uma classe que está mais interessada em promoções
administrativas do que na progressão cimentada no mérito e no real interesse
dos alunos. Hoje temos uma escola pública que remete grande parte da
aprendizagem para fora do espaço vital que é a escola, sobrecarregando alunos e
pais com trabalhos de casa, numa espécie de regime escolar de outsourcing. Se
Mário Nogueira não é a imagem de todos os professores, é certamente a imagem de
boa parte deles. E se há coisa que incomoda é que os períodos de férias
escolares para os professores não são férias. São antes, períodos de trabalho
administrativo e de intensas reuniões de trabalho (à semelhança de que eu sou o
pai natal!!). E os horários? Alguém compreende os furos sucessivos nos horários
escolares de um aluno? Alguém compreende que um progenitor tenha de ir buscar
um filho à escola às 16h00 ou até a seguir ao almoço? Alguém compreende que um
aluno que não tenha a primeira aula da manhã tenha de esperar não podendo
entrar na escola mais cedo? Alguém compreende que as famílias tenham de pagar a
instituições privadas para completar o horário que a escola pública não consegue
assegurar? Fazer-se política a reboque dos sindicatos não só é uma prova de
fraqueza como uma demonstração de irresponsabilidade, que no caso do
descongelamento de carreiras, criará desigualdades entre profissionais do
sector público e por conseguinte gerador de encargos futuros que todos teremos
de pagar, numa prova de que não se aprendeu com os erros do passado. E repito,
se Mário Nogueira não é a imagem de todos os professores, é certamente a imagem
de boa parte deles!
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