Para que os decisores possam
mobilizar e atrair, é essencial que tenham uma saudável e consistente reserva
de capital político.
Este capital relaciona-se com uma
condição que os políticos precisam de ter para agir bem e com a capacidade de
influenciar as decisões políticas, no sentido certo.
Um eleito, na sua acção legitima,
nem sempre tem uma tarefa simples. Muitas vezes enfrentam problemas complexos e
precisam tomar decisões difíceis, com consequências desagradáveis para os
cidadãos.
É para que possam tomar as
decisões necessárias, e para que possam sobreviver politicamente, que os nossos
representantes precisam de capital político.
Este capital pode ser considerado
uma unidade de medida que permite avaliar a autoridade dos que se movem na
esfera do poder e mede-se essencialmente por três fatores: as habilidades, as relações
com o meio envolvente e a reputação.
O primeiro fator - habilidades - refere-se,
por um lado, a qualidades como a competência técnica e por outro lado, a uma
visão e discurso convincente, capaz de inspirar o público. Este primeiro fator refere-se
às habilidades cognitivas, físicas e de comunicação.
O segundo fator - relação com o
meio envolvente – assenta na noção de que autoridade e capital político não
existem isoladamente, mas surgem na sequência do relacionamento entre o individuo
e o meio onde age.
Neste caso, o capital
político refere-se ao fator das lealdades que os decisores públicos mobilizam
nas relações com os seus seguidores, mas também com a comunicação social e com
todo o eleitorado.
O terceiro fator - reputação - pode
resumir-se a uma questão simples. Até que ponto um político mantém as suas
promessas e em que medida consegue corresponder às expectativas generalizadas? A
resposta deve assentar em premissas como a boa formação e os valores que
garantem a coerência de cumprir o que se promete e fazer o que se diz.
Assim cai o mito que associa o
capital político à credibilidade. É uma associação frágil, que nem sempre tem
adesão à realidade. O valor da
credibilidade deveria ser a base do capital político uma vez que os dois
conceitos não parecem poder existir um sem o outro, mas nem sempre é assim.
Tem de ser cada vez mais evidente
que a acção dos protagonistas deste tempo deve assentar na credibilidade e só
por essa via devem ter mais (ou menos) crédito.
No entanto, ao contrário do que
deveria ser, hoje o cenário português parece cópia fiel do que defendeu Pierre
Bourdieu em 2000 no seu livro “Propos sur
le Champ Politique”, quando defendia a ideia de que o campo político é composto
por sujeitos iniciados que, ligados entre si, têm como fim perpetuar a sua
posição no jogo político.
Hoje o capital político assente
na credibilidade parece cada vez mais um conceito em extinção, e basta ver os
exemplos dos “Robles”, das “Catarinas” e de outros
protagonistas, da direita à esquerda dos nossos partidos.
É difícil aceitar que sejam estes
os protagonistas que condicionam o futuro dos nossos filhos. Primeiro porque
têm pouca credibilidade e segundo porque não são merecedores de qualquer capital
político.
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