Em tempos passados, a forma de comunicação política era direta e fazia-se através de reuniões públicas em salões de igrejas, cinemas, salões de baile e campanhas políticas de porta-a-porta. Nos dias de hoje, estes métodos são cada vez menos comuns e limitados, principalmente a países onde a tecnologia não permite que a mensagem seja enviada diretamente para casa das pessoas.
Estamos perante uma evolução da
comunicação e nesse sentido, já em 1999, os autores Blumler e Kavanaugh distinguiam
a evolução da comunicação política em três eras distintas.
A primeira era,
ocorreu antes do início da televisão, quando os principais canais de
comunicação eram instituições políticas fortes e estáveis, como os partidos
políticos tradicionais ligados aos regimes.
A segunda era, foi aquela onde as
mensagens passaram a ser transmitidas através dos meios de comunicação de massa,
o que fez com que a procura por profissionais de comunicação tenha aumentado
uma vez que estando estes profissionais inseridos no meio, poderiam explorar
melhor as suas vantagens.
Na terceira era, ainda emergente,
a componente essencial distinguida foi a existência dos média e todos os seus
canais de comunicação. Nesta era, a profissionalização da comunicação política
torna-se cada vez mais evidente e passa a ser um fator essencial de sucesso. Os
seus melhores profissionais colocam como prioridade a orientação dos agentes
políticos, para que possam comunicar através da multiplicidade de canais, cada
um deles com um conjunto de necessidades e formatos específicos.
É hoje claro que estamos na
terceira era da comunicação política e esta tornou-se uma atividade
voltada para as grandes massas usando os meios de comunicação (jornais,
televisões e redes sociais). Esta mudança de paradigma permitiu que os média
não só escolham o que transmitir como notícia, mas também escolham a maneira
como essa notícia deve chegar aos respetivos grupos que compõem a sociedade.
A comunicação política, hoje,
deixou de ser uma atividade direta, pessoal, face a face, para ser conduzida,
indiretamente, através dos órgãos de comunicação social e dos vários canais de
comunicação. Neste caso só as redes sociais podem
fugir deste controlo dos órgãos de comunicação social.
Embora estas mudanças possam ter
algumas perversões - e é fatual que têm - não deixam de representar um avanço
enorme para a comunicação política, conseguindo desta forma, um meio para chegar
o mais longe possível.
Com a evolução das tecnologias de
informação e comunicação, a mensagem política chega a cada vez mais eleitores e
isso significa que a evolução tecnológica ajudou, e ajuda a influenciar mais
pessoas e mais instituições.
Se tivermos em conta a proliferação
da internet nas últimas décadas temos de reconhecer que esta representou uma
verdadeira revolução para a democracia global. Hoje cada vez mais cidadãos têm
acesso à informação política o que, de certa forma, permite dar-lhes as
ferramentas e conhecimentos para que as escolhas que possam vir a fazer sejam
cada vez mais conscientes e sustentadas.
Além disso cada cidadão com
acesso à comunicação passa a ser um meio de difusão da mensagem política, o que
permite que esta mesma mensagem atinja todos os cantos do mundo.
Mas nesta era da abundância dos
média, a comunicação política tem vindo a ser reformulada por tendências que
fogem da origem da ciência política e da comunicação simples.
O aumento das pressões
competitivas dos órgãos de comunicação social; o populismo anti-elitista e tão
“acarinhado” por alguns jornalistas de uma pertença esquerda; o sebastianismo
defendido por jornalistas de uma pertença direita que desvaloriza as opiniões
contrárias; o experimentalismo e ambição (desmedida) de alguns profissionais da
comunicação política; a avidez selvagem de algumas agências de comunicação; o
jornalismo tendencioso (que recorre a falsas fontes); e por fim a mudança dos
eleitores na abordagem às mensagens políticas, são fatores que obrigam a
repensar a estratégia futura da comunicação política.
Surge então, dentro da terceira
era emergente da comunicação política, a necessidade de procurar um meio eficaz
que não permita que sejam os média a decidir o que se comunica ou não, ao nível
da mensagem política, mas sim os agentes políticos em conjunto com os
responsáveis da comunicação social.
Compete a estes responsáveis construir
os canais para termos uma comunicação política que se quer sem ruído, sem
filtros prévios, esclarecedora e acima de tudo, com a capacidade de chegar aos
seus verdadeiros destinatários que são os eleitores.
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